OVERDIAGNOSIS
O fanatismo tecnológico na medicina e na produção em série de pacientes.
O processo tecnológico é imparável.
Se, por exemplo na cirurgia, tal desenvolvimento deu resultados extraordinários e inimagináveis, no âmbito do diagnóstico ela galopa a um ritmo que não é o mesmo que o lento processo de entender o que é a “doença”.
Além disso, temos essencialmente um exercito de mídia que muitas vezes complica essas coisas.
Das 2.400 doenças descrias na Nosologia Metodológica de Boissier de Sauvages em 1763, hoje produzimos uma classificação internacional (CID) que tem outras 40.000.
Este resultado pode parecer muito positivo, porque acreditamos que “mais é sempre melhor que menos”, “novo é melhor que velho”, “complexo é melhor que simples”, “conhecimento é melhor que não saber”, e é uma crença difundida de que um diagnóstico precoce é melhor que um diagnóstico tardio.
De fato, em certos casos, a tecnologia contribui com métodos diagnósticos para melhorar o levantamento de processo biológicos que escaparam da identificação.
No entanto, com muito mais frequência, a corrida pelo armamento tecnológico e os interesses (mediáticos e econômicos) que o arrastam para a frente produzem um diagnóstico excessivo e um intervencionismo injustificado, com a tendência de tratar pessoas que nunca teriam sido consideradas “doentes”, ou pessoas que não foram submetidas a estudos clínicos de qualquer tipo quando não apresentam sintomas.
Esse é também é o caso quando a mesma intervenção não mostra evidências concretas de eficácia, segurança e eficiência e as vezes até se revela completamente ineficaz.
O tratamento de casos menos graves, ou, saudáveis, "melhora os resultados globais, reforçando a percepção de sucesso, que as vezes impulsiona novos investimentos destinados a inovação adicionais em tecnologia" *.
O fanatismo tecnológico, inserido na estrutura atual do monoteísmo financeiro e da comercialização de todas as coisas, transformou cada vez mais a tecnologia medica em um “fim em si mesmo”, em vez de um meio de melhorar a qualidade de vida.
Esta é uma distorção que não se limita ao mundo da saúde, é evidente: se trata de um processo histórico e cultural.
* “O imperatico tecnológico impulsiona a inovação para além da necessidade de cura, a ponto de a tecnologia definir as doenças e proporcionar o tratamento”.
Hoje a tecnologia constrói o conceito de doença, determina e cria.
O sintoma ou desconforto na pessoa não é mais observado, só se observa o que a máquina mensura: mesmo em uma condição absolutamente assintomática, na qual diríamos “me sinto bem!”, hoje podemos se diagnosticados com esclerose múltipla devido a manchas no cérebro, uma doença celíaca por um marcador sanguíneo, um pré- diabetes pela redução progressivas dos limiares de referência.
A tecnologia modifica o significado da doença, forjando novos parâmetros que a definem: análise bioquímica, citométricas, sequencias de DNA, critérios de diagnósticos cada vez mais identificados pela tecnologia e menos pela relação humana e ética com a pessoa.
Assim, tudo o que é mensurável por uma máquina tende inevitavelmente a transforma-se em “doença”: por exemplo, a hipertensão, a colesterolemia, não seria relevante do ponto de vista clínico e não teria consequências na vida do individuo, se não fosse possível medir e “corrigir”.
Aqui estão alguns exemplos* de “doenças” nas quais a tecnologia tem mudado drasticamente os critérios diagnósticos causando um dano a saúde, seja em termos de custos monetários devido a forte expansão do “cliente”, seja em termos de saúde do indivíduo por causa do excesso de medicação.
- Embolia pulmonar: entre 1930 e 1998, exames “eficientes demais” com aumento de 80% dos diagnósticos e uma redução limitada da mortalidade.
- Tumor da tireoide: entre 1980 e 2002, a identificação e remoção de pequenos nódulos aumentou, o que resultou em intervenções muito “caras” e pouco coerentes com o prognostico.
- Diabetes gestacional: os parâmetros de referencia foram reduzidos, triplicando os diagnósticos de diabetes gestacional com efeitos pouco claros de sucesso clinico.
- Pré-diabetes: as modificações tecnológicas, associadas a redução dos parâmetros, duplicaram ou triplicaram os diagnósticos. Desta forma, 50% dos Chineses adultos podem ser definidos como “doentes”.
- Carcinoma colo retal: a identificação e remoção de pólipos é muito mais frequente do que os riscos e a certeza do sucesso clinico.
- Dissecção da carótida ou artérias vertebrais: é diagnosticada de 3 a 10 vezes mais.
- Carcinoma da mama [ESP]: já estudamos o tema varias vezes, a passagem da triagem clinica exacerbou significativamente o risco de sobrediagnóstico, a cada 1.000 mulheres (com 50 anos) mais de 500 recebem um resultado de mamografia falso positivo.
- Insuficiência renal crônica: com a extensão da definição de doença através dos níveis sanguíneos, cerca de 14% da população pode ser definida como “doente” de insuficiência renal crônica.
- Osteoporose: a redução dos parâmetros de referência significa que 50% das mulheres com mais de 65 anos são submetidas a tratamento médico.
- Carcinoma da próstata: o rastreamento pelo PSA [ITA] gera sobrediagnósticos entre 22% e 67% dos casos.
- Hipertensão: sobrediagnóstico quando decisões terapêuticas são tomadas em medidas isoladas. Além disso, revisões recentes dos dados disponíveis relatam riscos de tratamento excessivo, devido a ausência de evidencias de que a redução da pressão arterial moderadamente alta (140-159 / 90-99) possa ter algum benefício.
- Asma brônquica: exame com estetoscópio e espirometria produzem 30% de sobrediagnóstico para pessoas rotuladas como “asmáticas”.
O uso indiscriminado da tecnologia de diagnostico contribui para a medicalização excessiva da sociedade, gerando numerosos atos de fé, inconfessados ao longo do tempo, minando a confiança das pessoas em relação ao médico e ao sistema de saúde.
*O texto deste artigo é uma tentativa de resumir, integrando com comentários pessoais, um trabalho de revisão da Fundação Gimbe na revista italiana Evidence (A carreira de armas tecnológicas: tediosa, cara e arriscado), que eu convido você a ler detalhadamente (apenas em italiano).
Se hoje temos cerca de 40.000 nomes de “doenças” cujos rótulos são difíceis de tirar, descubra como no futuro, com base no modelo das leis biológicas, a nosologia será radicalmente transformada, simplificada.
Se, por exemplo na cirurgia, tal desenvolvimento deu resultados extraordinários e inimagináveis, no âmbito do diagnóstico ela galopa a um ritmo que não é o mesmo que o lento processo de entender o que é a “doença”.
Além disso, temos essencialmente um exercito de mídia que muitas vezes complica essas coisas.
Das 2.400 doenças descrias na Nosologia Metodológica de Boissier de Sauvages em 1763, hoje produzimos uma classificação internacional (CID) que tem outras 40.000.
Este resultado pode parecer muito positivo, porque acreditamos que “mais é sempre melhor que menos”, “novo é melhor que velho”, “complexo é melhor que simples”, “conhecimento é melhor que não saber”, e é uma crença difundida de que um diagnóstico precoce é melhor que um diagnóstico tardio.
De fato, em certos casos, a tecnologia contribui com métodos diagnósticos para melhorar o levantamento de processo biológicos que escaparam da identificação.
No entanto, com muito mais frequência, a corrida pelo armamento tecnológico e os interesses (mediáticos e econômicos) que o arrastam para a frente produzem um diagnóstico excessivo e um intervencionismo injustificado, com a tendência de tratar pessoas que nunca teriam sido consideradas “doentes”, ou pessoas que não foram submetidas a estudos clínicos de qualquer tipo quando não apresentam sintomas.
Esse é também é o caso quando a mesma intervenção não mostra evidências concretas de eficácia, segurança e eficiência e as vezes até se revela completamente ineficaz.
O tratamento de casos menos graves, ou, saudáveis, "melhora os resultados globais, reforçando a percepção de sucesso, que as vezes impulsiona novos investimentos destinados a inovação adicionais em tecnologia" *.
O fanatismo tecnológico, inserido na estrutura atual do monoteísmo financeiro e da comercialização de todas as coisas, transformou cada vez mais a tecnologia medica em um “fim em si mesmo”, em vez de um meio de melhorar a qualidade de vida.
Esta é uma distorção que não se limita ao mundo da saúde, é evidente: se trata de um processo histórico e cultural.
* “O imperatico tecnológico impulsiona a inovação para além da necessidade de cura, a ponto de a tecnologia definir as doenças e proporcionar o tratamento”.
Hoje a tecnologia constrói o conceito de doença, determina e cria.
O sintoma ou desconforto na pessoa não é mais observado, só se observa o que a máquina mensura: mesmo em uma condição absolutamente assintomática, na qual diríamos “me sinto bem!”, hoje podemos se diagnosticados com esclerose múltipla devido a manchas no cérebro, uma doença celíaca por um marcador sanguíneo, um pré- diabetes pela redução progressivas dos limiares de referência.
A tecnologia modifica o significado da doença, forjando novos parâmetros que a definem: análise bioquímica, citométricas, sequencias de DNA, critérios de diagnósticos cada vez mais identificados pela tecnologia e menos pela relação humana e ética com a pessoa.
Assim, tudo o que é mensurável por uma máquina tende inevitavelmente a transforma-se em “doença”: por exemplo, a hipertensão, a colesterolemia, não seria relevante do ponto de vista clínico e não teria consequências na vida do individuo, se não fosse possível medir e “corrigir”.
Aqui estão alguns exemplos* de “doenças” nas quais a tecnologia tem mudado drasticamente os critérios diagnósticos causando um dano a saúde, seja em termos de custos monetários devido a forte expansão do “cliente”, seja em termos de saúde do indivíduo por causa do excesso de medicação.
- Embolia pulmonar: entre 1930 e 1998, exames “eficientes demais” com aumento de 80% dos diagnósticos e uma redução limitada da mortalidade.
- Tumor da tireoide: entre 1980 e 2002, a identificação e remoção de pequenos nódulos aumentou, o que resultou em intervenções muito “caras” e pouco coerentes com o prognostico.
- Diabetes gestacional: os parâmetros de referencia foram reduzidos, triplicando os diagnósticos de diabetes gestacional com efeitos pouco claros de sucesso clinico.
- Pré-diabetes: as modificações tecnológicas, associadas a redução dos parâmetros, duplicaram ou triplicaram os diagnósticos. Desta forma, 50% dos Chineses adultos podem ser definidos como “doentes”.
- Carcinoma colo retal: a identificação e remoção de pólipos é muito mais frequente do que os riscos e a certeza do sucesso clinico.
- Dissecção da carótida ou artérias vertebrais: é diagnosticada de 3 a 10 vezes mais.
- Carcinoma da mama [ESP]: já estudamos o tema varias vezes, a passagem da triagem clinica exacerbou significativamente o risco de sobrediagnóstico, a cada 1.000 mulheres (com 50 anos) mais de 500 recebem um resultado de mamografia falso positivo.
- Insuficiência renal crônica: com a extensão da definição de doença através dos níveis sanguíneos, cerca de 14% da população pode ser definida como “doente” de insuficiência renal crônica.
- Osteoporose: a redução dos parâmetros de referência significa que 50% das mulheres com mais de 65 anos são submetidas a tratamento médico.
- Carcinoma da próstata: o rastreamento pelo PSA [ITA] gera sobrediagnósticos entre 22% e 67% dos casos.
- Hipertensão: sobrediagnóstico quando decisões terapêuticas são tomadas em medidas isoladas. Além disso, revisões recentes dos dados disponíveis relatam riscos de tratamento excessivo, devido a ausência de evidencias de que a redução da pressão arterial moderadamente alta (140-159 / 90-99) possa ter algum benefício.
- Asma brônquica: exame com estetoscópio e espirometria produzem 30% de sobrediagnóstico para pessoas rotuladas como “asmáticas”.
O uso indiscriminado da tecnologia de diagnostico contribui para a medicalização excessiva da sociedade, gerando numerosos atos de fé, inconfessados ao longo do tempo, minando a confiança das pessoas em relação ao médico e ao sistema de saúde.
*O texto deste artigo é uma tentativa de resumir, integrando com comentários pessoais, um trabalho de revisão da Fundação Gimbe na revista italiana Evidence (A carreira de armas tecnológicas: tediosa, cara e arriscado), que eu convido você a ler detalhadamente (apenas em italiano).
Se hoje temos cerca de 40.000 nomes de “doenças” cujos rótulos são difíceis de tirar, descubra como no futuro, com base no modelo das leis biológicas, a nosologia será radicalmente transformada, simplificada.