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Campos mórficos: o que são e seu significado biológico

 Muitos fenômenos ocorrem empiricamente, mas atualmente são cientificamente inexplicáveis. Isso não significa que eles não existam; na verdade, eles mostram que a ciência atual é incompleta.

Portanto, talvez não seja tão apropriado chamar fenômenos que não podem ser explicados de “sobrenaturais”, “paranormais” ou “milagres”. Eles são fenômenos que fazem parte da nossa natureza como seres vivos, mas ainda não temos ferramentas que possam descrevê-los, qualificá-los e quantificá-los.

Talvez o termo mais apropriado seja “percepções extrassensoriais”, ou seja, que ocorrem e são captadas além de nossos cinco sentidos, limitados à realidade 3D em que vivemos.

O que leva algumas pessoas, cientistas e não cientistas, a negar esses fenômenos que não podem ser explicados cientificamente? Talvez resistência a novas ideias? 

Improvável, como diz Rupert Sheldrake, já que há hipóteses científicas extremas e não comprovadas que são consideradas plausíveis pelo meio acadêmico: por exemplo, a existência de universos paralelos ou viagens no tempo.

Pode ser que certos fenômenos extrassensoriais violem tabus sociais e pessoais que estão profundamente enraizados em certos tipos de pessoas. Pessoas que muitas vezes se escondem atrás da palavra “cético”, abusada pelo cientificismo.

Na verdade, elas não são céticas, porque do grego skepsis significa pergunta, dúvida, e não negação ou dogmatismo. Imagine perguntar a esse antagonista:

- O senhor ama seu filho?
- Sim, é claro!

E você lhe responderia:

- Eu não acredito nisso. Você não acredita. Isso não é possível a menos que você possa medir esse amor.

Portanto, se certos fenômenos extrassensoriais ocorrem, isso significa que a mente não está restrita ao órgão cerebral, mas que precisamos ter uma visão mais ampla dela, no verdadeiro sentido da palavra.

Rupert Sheldrake, um dos maiores estudiosos nesse campo, em seu ensaio The Extended Mind (do qual foram extraídas as citações a seguir) fala exatamente de uma mente que se estende não apenas além do cérebro, mas também além do corpo, a distâncias que não são compatíveis com a sensibilidade dos cinco sentidos.


Sheldrake: “É um verdadeiro campo perceptual que se conecta a tudo ao redor e mostra efeitos à distância (assim como um campo magnético ou gravitacional) no qual o observador e o observado estão interconectados.”

“A extensão da mente para fora ocorreria por meio da atenção e da intenção.”

Sheldrake fala de uma mente estendida que não pode ser localizada no cérebro, mas projetada para fora do corpo, por meio do que ele chama de Campos Mórficos. Por meio desses campos, os seres vivos são capazes de perceber e reagir a coisas mesmo à distância.


CAMPOS MÓRFICOS NA FÍSICA QUÂNTICA

Já em 1940, Michael Faraday definiu o campo como uma “região de influência”: algo aparentemente vazio, mas que interconecta partes distantes de um sistema.

Pense no campo eletromagnético que toda a tecnologia atual utiliza, ou no campo gravitacional.

O efeito de um campo magnético, por exemplo, não pode ser estudado analisando-se apenas o ímã sem considerar a projeção de seu magnetismo além do próprio corpo.


Sheldrake classifica os Campos Mórficos de diferentes maneiras: ele fala de Campos Comportamentais, Campos Mentais, Campos Morfogenéticos, Campos Sociais, cujo funcionamento se baseia em uma ordem e memória implícitas, dadas por um processo chamado ressonância mórfica (que explicarei em seguida).

Das várias teorias que tentam explicar os fenômenos extrassensoriais, a que atualmente oferece as respostas mais plausíveis vem da física quântica com o conceito de “não-localidade” quântica, não-separabilidade ou emaranhamento.

Quando duas partículas conectadas são separadas, elas realmente permanecem conectadas; de fato, uma mudança induzida em uma corresponde a uma mudança instantânea na outra, apesar da distância entre elas. Consulte Teoria quântica de campos (QFT)

Os experimentos de Davies e Gribbin (1991) (no Capítulo 7 de The Matter Myth) mostraram que a não-localidade quântica é um aspecto fundamental de nossa realidade.

[Leia também o ensaio “Entanglement” de Massimo Teodorani, um físico que conseguiu popularizar conceitos contraintuitivos].

Alguns físicos argumentam que fenômenos como telepatia, psicocinese e outros fenômenos extraordinários podem ter uma explicação na não-localidade quântica.


UM CAMPO QUE MOLDA A FORMA: CAMPO MORFOGENÉTICO

Desde a década de 1920, alguns biólogos, estudando o desenvolvimento de plantas e animais, chegaram à conclusão de que, além dos genes, deve existir, em um organismo em desenvolvimento, um campo organizado que contém o projeto ou programa específico da espécie para as formas dos vários tecidos, órgãos e de todo o organismo.

Esse campo é chamado de morfogenético e também seria responsável pela regeneração de partes amputadas de certos organismos, como vermes chatos, salgueiro ou lagarto...

Os campos morfogenéticos são holísticos, ou seja, funcionam como um fractal que carrega dentro de si todas as informações necessárias para orientar a capacidade de pequenas partes de um organismo de regenerar o todo.

Na verdade, ninguém sabe ainda como esses campos funcionam, mas os fenômenos ocorrem, são observados e estudados.

Sheldrake observa que os campos contêm memórias implícitas, dadas por um processo chamado ressonância mórfica.

“A ressonância ocorre entre padrões de atividade em sistemas de auto-organização com base na similaridade, independentemente da distância entre eles. Por meio da ressonância mórfica, cada membro de uma espécie recebe e, ao mesmo tempo, contribui para a memória coletiva da espécie.”


O CAMPO SOCIAL

Os Campos Sociais são uma expressão específica do Campo Mórfico, mas não são algo diferente.

O Campo Social se manifesta na conexão entre indivíduos em um grupo e permite a comunicação entre os membros que vai além da comunicação sensorial. O Campo Social explicaria fenômenos de comunicação telepática (intuição) como alarme, excitação, pedidos de ajuda, previsões de chegada ou partida, inquietação, medo…


Quando, por exemplo, um lobo se separa de sua matilha, ele na verdade permanece em contato com os outros lobos como se houvesse algum tipo de fio invisível.  Isso faz com que as mudanças psíquicas e biológicas em um dos membros sejam sentidas de forma instantânea e sincronizada por todos os outros.

De fato, foi verificado que lobos distantes por semanas e por vários quilômetros de sua matilha conseguiam alcançar o grupo à noite e durante o dia com formas de comunicação que iam além das possibilidades oferecidas pelos cinco sentidos normais. Além disso, cervos canadenses distantes eram capazes de reagir em uníssono com atitudes de impulso de voo no momento em que um deles sentia perigo (veja os estudos de William Long - 1919).

Assim, os campos mórficos coordenam o comportamento sincrônico de grupos de animais, como cardumes de peixes, bandos de pássaros, matilhas de lobos, gazelas etc. A essa altura, como não imaginar que nós, humanos, também somos socialmente coordenados por campos mórficos?

De fato, quando dois ou mais seres humanos estão ligados por um relacionamento (familiar, de amizade, terapêutico etc.), eles são conectados por fenômenos “telepáticos” (intuições) que podem fazê-los perceber sensações, emoções, imagens, ideias à distância. Basta pensar na simbiose perceptual entre a mãe e o bebê: mesmo à distância, o seio da mulher produz leite no exato momento em que o filho chora.

(Sheldrake, 2002, Apparent telepathy between babies and nursing mother: a Survey - Journal of the Society for Physical Research 66,181-5)

Em suma, um conflito de ninho em forma telepática (intuitiva)!

Além da telepatia, os campos mórficos permitem explicar fenômenos como clarividência, psicocinese e aquela sensação especial de estar sendo observado. A esse respeito, pense que, durante a Segunda Guerra Mundial, os pilotos eram aconselhados a não olhar para o inimigo antes de abatê-lo.

Cito: “Era sabido que a intensidade do olhar fixo faria com que o inimigo se voltasse imediatamente para seu agressor” (Narração de A.R. Mansfield)

Você pode ter pensado em uma pessoa e recebido instantaneamente seu chamado. Pense também naquelas incríveis sincronizações entre jogadores de uma equipe esportiva. 

Sheldrake menciona relatos de jogadores de basquete que estavam tão próximos que eram capazes de antecipar os movimentos um do outro, ou patinadores no gelo que sentiam seus dois corpos se tornarem um só: “no gelo somos telepáticos”.

O jogador de futebol brasileiro Pelé também foi descrito: 

A qualquer momento, ele parecia saber intuitivamente a posição de todos os outros jogadores no campo e saber exatamente o que os outros estavam prestes a fazer. (Bem, Palmer, Broughton - Updating the ganzfeld database: a victim of his own success? - Journal of Parapsychology 65, 207-18)


Minha experiência pessoal de 11 anos como jogadora de vôlei competitiva me permite reconhecer claramente esse fenômeno: em determinado momento do jogo, senti algo me invadir, como uma onda de força e confiança que contagiou toda a equipe; não éramos mais seis indivíduos separados, mas um único organismo pensante: eu era capaz de saber com antecedência o que aconteceria em nossas interações no jogo. 

Era como estar em um estado de consciência alterado, mas lúcido: a sensação era a de viver em um nível superior.


CAMPOS MÓRFICOS E AS 5 LEIS BIOLÓGICAS

Como todo esse campo extraordinário se relaciona com as 5 leis biológicas?

Tenho uma observação pessoal a fazer: como os “conflitos” dependem das percepções biológicas, há percepções extrassensoriais que devem ser consideradas e estudadas, pois é muito provável que influenciem nossa biologia.

Por outro lado, a fronteira que separa o sensorial do extrassensorial, o normal do paranormal, é uma convenção, uma fronteira que sempre avançou ao longo dos tempos à medida que os seres humanos adquiriam novos conhecimentos e consciência... ou, quando os perdiam, eram absorvidos na forma de mitos e lendas. Talvez o pânico generalizado e perpetrado durante uma epidemia possa causar muitos resultados nefastos em pessoas que são particularmente suscetíveis ao medo do contágio... já discutimos isso na Covid-19, mas só o tempo dirá.

Já abordamos na 5LB Magazine a hipótese do contágio como resultado de uma psicose coletiva.





Equipe de tradução e direção

5 Leis Biológicas Brasil

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